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Bem vind@ à página de Ton MarMel (anTONio MARtins MELo), Artista Visual que desde infante manifestou talento para pintura, desenho, escultura, frequentou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, recebeu vários prêmios, participou de salões de arte, exposições individuais e coletivas, e também é jurista, Advogado pós-graduado, especialista em Direito Público.

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quarta-feira, fevereiro 07, 2024

BAIAS E ILHAS ATUAIS

 


 

___ Originalmente as BAIAS eram conhecidas apenas como os locais de confinamento e engorda de gado, para evitar que se movimentassem, criassem músculos, resultassem em carne macia, para depois levarem o gado para ser abatido e com o resultado da venda da carne enriquecessem os bolsos dos seus donos. Mas recentemente no meio urbano, as baias passaram a ser conhecidas como ILHAS de trabalho nos escritórios, depois ganharam espaço nos barzinhos, restaurantes e locais de lazer, embora a finalidade não mudou: confinar pessoas e animais num só ambiente para que produzam, gerem lucros e enriqueçam os bolsos dos proprietários desses lugares...

___ "Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa dos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer
Êh, oô, vida de gado
Povo marcado eh
Povo INfeliz..."

 

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(Letra da música: Admirável gado novo. José Ramalho) 

 

 

quarta-feira, julho 27, 2022

O QUE É LOGOTIPO?

 

 

O QUE É LOGOTIPO?

 

 


 ANTES DE RESPONDER DETALHADAMENTE ANALISEMOS DIDATICAMENTE O LOGOTIPO ACIMA


 O logotipo ACIMA foi criado há mais de 20 anos e é resumo das iniciais do nome criado a partir das letras A e M e formam 2 setas, como as 2 partes processuais (autor e réu), e apontam na mesma direção, no sentido de entendimento, composição, acordo, concordância processual, ponto em comum. A palavra MarMel foi retirada do patronímico do autor (anTONio MARtins MELo) e sobrenomes MARtins e MELo. As cores do logotipo (azul da cor do mar e amarela (cor de mel) foram aproveitadas do próprio nome, por isso ToN (com N), de toNalidade do Mar e Mel.

 

 

FEITA A INTRODUÇÃO ADENTREMOS NO ASSUNTO

  

O que é logotipo, afinal?

 

Logotipo é uma representação gráfica de uma marca ou empresa. Ele é constituído por um ícone, feito em design gráfico, e por tipografia (texto).

 

 

Dentro dos conceitos de comunicação e identidade visual de uma empresa, o logotipo é considerado uma das peças de maior importância. Afinal, este é o principal representante de uma marca. 

 

Pode-se dizer que o logotipo consiste em um mecanismo que externaliza aspectos da marca ou empresa em forma de uma representação visual constituída por símbolos e palavras. Vamos aprender melhor sobre o que é logotipo no artigo a seguir! Vamos lá?

 

O que é Logotipo?

 

logotipo consiste em um signo que representa uma marca ou empresa. Além do ícone, este também contém um suporte de texto. Logo, chamamos de logotipo o conjunto ícone + tipografia (texto).

 



   

Quando uma empresa ou marca decide desenvolver um logotipo, é essencial que os responsáveis pela criação do mesmo estejam cientes de todos os valores da empresa, Afinal, um dos objetivos do logotipo é transmitir todos os principais ideais da empresa

 

Uma boa pesquisa é fundamental para criação de um logotipo. Além disso, o desenvolvimento conta com diversos estudos de design, psicologia, semiótica, marketing e muitos outros assuntos relacionados.

 

 

Diferença entre Logo, Logotipo, Marca e Logomarca

Diversas pessoas confundem esses termos e, no fim, acreditam que todos significam a mesma coisa. Mas será que essas palavras possuem o mesmo significado? Vamos conferir!

 

Logo e Logotipo


 

Neste caso, ambas as palavras possuem o mesmo significado, sendo a palavra logotipo simplesmente uma maneira alternativa do termo logo. Como explicamos acima, o logotipo consiste ícone + tipografia que representa uma empresa ou marca.

 

Portanto, tanto o logo quanto o logotipo consistem no produto gráfico que é proveniente do design e são utilizados como a imagem da marca/empresa.

 

Marca

 

marca consiste na conexão entre uma empresa, valores, visão, missão, personalidade e consumidores. Esta marca é representada de forma gráfica por meio do logo e da identidade visual e elementos de comunicação visual. 

 

Logomarca

 

A utilização deste termo é considerada incorreta por profissionais de marketing e publicidade, apesar de ser utilizada por muitos que confundem a palavra com o termo logotipo. 

 

Como criar um Logotipo?

 

Separamos algumas dicas para que você possa compreender o que é logotipo e como criar um bom logotipo para sua empresa. Contudo, vale ressaltar que não há um passo a passo a ser seguido à risca, preparamos somente algumas dicas que podem auxiliar no processo. 

 

1. Manter a Simplicidade

 


 

A primeira dica é utilizada para quase todos os trabalhos de marketing. Manter a simplicidade é a chave para o sucesso da criação de um logotipo, isso porque ele consiste na representação gráfica da empresa, que deve ocorrer de forma sintetizada. Assim, a empresa poderá ser identificada facilmente, contendo somente as informações mais necessárias. 

 

Logotipos que possuem muitos elementos e são exagerados passam a ideia de desorganização. É ideal que não se utilize mais do que um tipo de fonte na criação do logotipo. Mesmo que este possua um slogan abaixo, a tipografia organizada transmite a ideia de profissionalismo.

 

2. Fazer uma Pesquisa de Mercado

 

Uma pesquisa de mercado é fundamental para criar um logotipo. Afinal, é preciso saber quais são as tendências do mercado. Lembrando que não se trata de copiar algo, apenas de buscar referências.

 

3. Benchmarking

 

O benchmarking está incluso no trabalho de pesquisa de mercado. No entanto, ele consiste em procurar as empresas que possuem serviços ou produtos iguais ou similares aos de sua empresa. Dessa forma, é possível analisar os elementos, cores e tipografia utilizados para que seu logotipo seja diferente e se destaque entre eles.

 

4. Definir o Público-alvo

 

O logotipo precisa ser criado de acordo com o público-alvo da empresa, pois existem públicos diferentes que se identificam com coisas diferentes. Por isso, fazer uma análise sobre qual é público que a empresa deseja alcançar, influencia diretamente na criação do logotipo.

 

5. Definir o conceito do Logotipo

 

Definir um conceito significa determinar os ideais e valores que o logotipo pretende transmitir. Apesar de subjetivo, um conceito bem definido pode fazer com que o logotipo expresse a empresa da forma correta.

 

6. Escolher a Tipografia

  


Tipografia significa a “impressão dos tipos”, nome mais comum para fontes de letras. Contudo, atualmente este é o nome dado ao estudo, criação e aplicação de caracteres, estilos, formatos e disposição visual de palavras.

 

]Existem diversos tipos de fontes, mas o principal aspecto que separa as fontes em dois grandes grupos é a serifa. Serifa são esses prolongamentos nos cantos da letra. Logo, fontes podem ser serifadas, ou não.

 

A serifa consiste em um pequeno traço, barra ou prolongamento que está presente no fim das hastes das letras. Por exemplo, algumas fontes com serifa conhecidas são Times New Roman, Georgia e Courier New.

 

As fontes com serifa são utilizadas em textos contínuos, como revistas, jornais e livros. Por sua vez, as fontes sem serifa são bastante usadas para textos mais curtos e para a criação de peças de design gráfico. Por esse motivo, as fontes sem serifa costumam ser mais aplicadas na criação de logotipos

 

No entanto, vale sempre lembrar que é importante que a fonte seja legível. Não há uma regra determinando qual a melhor fonte, mas é ideal que não seja muito enfeitada para que não perca a legibilidade.


O desenho das letras do logotipo acima foram criadas especialmente para a marca Ton MarMel e fazem parte de um alfabeto composto de imagens gráficas que não existiam e geraram interpretações inéditas. 

 

7. Fazer um Rascunho do Ícone

 

Faça um primeiro esboço com lápis e papel do ícone que você tem em mente. Dessa forma, conseguirá visualizar bem a ideia. Ao realizar esta etapa, será possível fazer alterações sem muita complexidade.

 

8. Escolher as cores

 



As cores do logotipo precisam estar dentro da paleta de cores da identidade visual da empresa. Para isso, é preciso considerar todo o trabalho de briefing, comunicação  visual e definição de público-alvo.

 

A dica é não exagerar nas cores do logotipo. Inserir uma grande variedade de cores pode deixar o signo confuso, com muitas informações. Para definir tudo isso, uma boa ideia é utilizar a psicologia das cores.

 

9. Contratar um bom designer

 

Após definir todos esses passos, recomenda-se contratar um profissional especializado em design gráfico para fazer a criação do logotipo. Assim, basta passar todas as ideias, esboços e decisões para o profissional que irá agrupar tudo no software gráfico.

 

10. Testar diferentes aplicações

 

A maioria dos logotipos possuem suas versões horizontais e verticais. Pode ser que seja necessário utilizá-lo em ambas as posições. Por isso, peça ao designer para testar a logo nas mais diversas aplicações, assim como em sua versão branco e preto.

 

 


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segunda-feira, fevereiro 07, 2022

A escassez do amor-próprio e a lata do lixo na arte.

A escassez do amor-próprio faz a pessoa enxergar obra de arte em lata de lixo.


#aescassezdoamor-própriofaz-a-pessoa-enxergar-obra-de-arte-em-lata-de-lixo e a lata do lixo na arte.


E aqui não se trata do brocado "Quem ama o feio, bonito lhe parece".

“Quem ama o feio, bonito lhe parece” é um provérbio popular que todos conhecemos e que significa que quando gostamos de alguém, independentemente do seu aspecto exterior, as caraterísticas da sua personalidade tornam a pessoa mais bela aos nossos olhos.

Mas enxergar beleza no lixo é no mínimo estranho, é até doentio...

Afinal, todo mundo gosta do que é bom e bonito, ou será que alguém imagina que uma pessoa saudável gosta do que não é bom nem bonito se pode ter o que é bom e bonito e acha que lhe convêm ter o que é bom e bonito?

Além do mais, quem é que gosta e acha bonito um lixão?!

Pois é... mas existem coisas que chamam de arte que parece retirada do lixão.


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quarta-feira, fevereiro 02, 2022

Ora direis ouvir estrelas!

 Soneto Ora direis ouvir estrelas de Olavo Bilac: análise do poema

 

Ora direis ouvir estrelas   na íntegra

 

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.

 

(Antonio Martins Melo - Marmel. Martmel)


Análise

 

Ora (direis) ouvir estrelas pertence a coleção de sonetos Via Láctea que, por sua vez, está inserido no livro de estreia do escritor brasileiro Olavo Bilac. O soneto é o número XIII de Via Láctea e ficou consagrado como a parte mais famosa da antologia intitulada Poesias, publicada em 1888. Os versos de Bilac são um típico exemplar da lírica parnasiana.

 

Ora (direis) ouvir estrelas é o soneto número XIII da coletânea de sonetos Via Láctea.

 

No livro Poesias, Via Láctea se encontra entre Panóplias e Sarças de fogo.

 

Diz-se que o tema do amor, mote inspirador dos versos de Bilac, foi fruto da paixão que o poeta teve pela poetisa Amélia de Oliveira (1868-1945), irmã de Alberto de Oliveira (1857-1937).

 

Os versos apaixonados transparecem o afeto de um recém apaixonado que dialoga com as estrelas. Quem o ouve acusa o eu-lírico de devaneio:

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!”

 

O eu-lírico não liga para a acusação e ainda sublinha a sua necessidade de conversar com as estrelas deixando, inclusive, as janelas abertas para melhor ouvi-las. A conversa com os astros é longa, se estende noite adentro:

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila.

 

A tristeza aparece quando nasce o sol e torna-se impossível vê-las. O apaixonado então recolhe-se a sua tristeza e agonia a espera que a noite caia novamente.

 

A meio do poema são inseridas aspas para indicar a presença do interlocutor, que o acusa novamente de se desconectar da realidade para conversar com as estrelas. O eu-lírico então devolve uma resposta cabal:

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.

 

Ao mesmo tempo que fala de um sentimento particular - o encantamento provocado pela amada, o sentimento de enamoramento - o poema é construído de modo universal, de forma a alcançar os ouvidos de qualquer pessoa que já tenha se sentido em tal estado.

 

Trata-se, por isso, de versos eternos, que não perdem a validade, porque retratam sentimentos tipicamente humanos e genuínos, independentes de qualquer tempo e lugar.

A amada aludida nos versos de Ora (direis) ouvir estrelas não é nomeada, nem sequer conhecemos qualquer característica física sua.

 

O amor cantado pelo poeta recebe heranças da contenção neoclássica, uma oposição ao sentimentalismo derramado romântico de outrora.

 

Em termos formais, Bilac como representante típico do Parnasianismo segue um rigor formal e estilístico. A rima, por sua vez, está presente em Via Láctea.



 
 

Quem foi Olavo Bilac

 

Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac conhecido nas rodas literárias apenas como Olavo Bilac, nasceu no dia 16 de dezembro de 1865, no Rio de Janeiro, e faleceu na mesma cidade em 28 de dezembro de 1918, aos 53 anos.

 

Em 1881, entrou para o curso de Medicina influenciado pelo pai, que fora médico e serviu o Exército durante a Guerra no Paraguai. No entanto, Bilac acabou por desistir do curso no quarto ano de faculdade e passou a investir o seu tempo trabalhando com literatura e jornalismo.

 

Em 1883, cinco anos antes do lançamento do livro Poesias, Olavo Bilac publicava os seus primeiros poemas no jornal dos estudantes da Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. No ano a seguir, seu soneto Neto foi publicado no jornal Gazeta de Notícias.

 

Daí em diante, Bilac conseguiu emplacar diversos versos em periódicos regionais e nacionais.

 

Em 1885, o poeta começou a namorar com Amélia, que foi uma inspiração para os seus versos de amor. O rapaz também teve bastante sucesso na vida artística, durante as duas primeiras décadas do século XX, os seus sonetos foram bastante declamados nos saraus e salões literários.

 

A obra poética de Bilac enquadra-se no Parnasianismo, porém o autor fez questão de que os seus versos fossem híbridos e mesclassem a tradição francesa com um toque lusitano.

 

Olavo Bilac foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL) e criou a cadeira nº. 15, que tem como patrono Gonçalves Dias.

 

Uma curiosidade: o poeta foi autor da letra do Hino à Bandeira.

 

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Poesia declamada

Leia Via Láctea  na íntegra

Os versos de Via Láctea estão disponíveis para download gratuito em formato PDF.

 

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Fonte

 

Rebeca Fuks. Doutora em Estudos da Cultura. Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).

 

https://www.culturagenial.com/ora-direis-ouvir-estrelas-de-olavo-bilac/

 

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domingo, janeiro 30, 2022

LONGO APRENDIZADO

 O LONGO APRENDIZADO



Jordan Peterson escreveu uma carta que correu mundo, dias atrás, renunciando à sua atividade como professor, na Universidade de Toronto. Ele faz uma dura crítica à imposição dos novos códigos de “diversidade, inclusão e equidade” na vida acadêmica. Na prática, a intromissão de uma retórica política, exaustiva e unilateral, em um lugar onde deveria valer a ciência e o livre pensamento. Ele fala dos processos seletivos politicamente enviesados, dos professores levados a fazer cursos para curar “preconceitos implícitos”, do conservadorismo taxado como psicopatologia pelos novos “psicólogos sociais” e do clima persecutório, onde “meus alunos são inaceitáveis em parte porque são meus alunos, por causa de minhas inaceitáveis posições filosóficas”.

No Brasil, há claros sinais de fumaça nessa direção. Tempos atrás, acompanhei um desses grupos, na internet, no qual professores de uma universidade pública discutiam se era o caso de admitir “conservadores”, nos debates acadêmicos. Chamou a minha atenção a naturalidade com que aquelas pessoas se imaginavam donas da verdade, e a instituição pública como sua propriedade. Não passava pela cabeça delas que viviam em uma sociedade plural, na qual convivem liberais, progressistas ou conservadores, e uma provável maioria que não dá a mínima para alinhamentos políticos.

Em nosso debate público, me surpreende como se tornou comum a ideia de banir os adversários da internet. Vemos gente vibrando quando a Lei de Segurança Nacional é acionada (não importando muito o motivo) contra desafetos, celebrando a morte do divergente, parecendo realmente acreditar que fake news só existem do “outro lado”, e quase ninguém dá a mínima quando um órgão de Estado censura pessoas porque elas não dizem a “verdade” sobre as urnas eletrônicas.

Os exemplos iriam longe. Confesso não conhecer nenhum “intolerômetro” para saber, objetivamente, se somos hoje mais intolerantes do que há vinte ou trinta anos, mas desconfio que sim. Nos tornamos a sociedade de uma intolerância banal e difusa, que sem dúvida vem do Estado, com a crescente prática de criminalização da opinião, mas brota sobretudo da sociedade. A gênese desse fenômeno está na migração em larga escala do debate público para a arena digital. Na súbita conversão em massa do cidadão em militante. No transbordamento dos limites da política para a esfera da ética, da estética, das “grandes questões”, sobre as quais não temos acordo, nas sociedades abertas (ainda bem), e que compõem as chamadas “guerras culturais” do nosso tempo.

Exemplo curioso desse processo tivemos por esses dias, na carta assinada por jornalistas de um grande jornal reclamando da publicação de um artigo do antropólogo Antonio Risério. O que chamou a atenção não foi apenas a imagem de jornalistas tentando inibir o livre debate de ideias, mas a simplicidade algo clerical do documento. Ele diz basicamente que as teses de Risério são falsas, que isso foi demonstrado por “pessoas mais qualificadas”, que o jornalismo tem compromisso com a verdade, e como Risério não diz a verdade não deveria ser publicado.

Aquilo me soou como uma máquina do tempo. O mundo moderno levou 400 anos para reconhecer os valores da tolerância e da liberdade de expressão. E o fez a duras penas, com base em algumas ideias básicas. A primeira delas diz que ninguém é infalível. Foi o argumento de John Milton ao Parlamento inglês, no século XVII, pedindo o fim da censura de livros. Que ninguém deve se colocar como juiz da verdade e que o melhor a fazer é deixar que as pessoas pensem com a própria cabeça.

Outra ideia vem de John Stuart Mill. Ela diz que a verdade que não é permanentemente posta à prova torna-se apenas um dogma. Eliminada a possibilidade da refutação, da “lógica negativa”, temos apenas o “formulário”. Diz também que nossas interpretações sobre o mundo frequentemente se fazem de meios-tons, misturando o erro e a verdade. Então Risério podia ter razão em muitos de seus argumentos, mesmo que alguém ache sua teoria fundamentalmente equivocada. E a expressão dos divergentes, não seu banimento, é nossa melhor chance de viver em paz, em um mundo diverso.

Essas coisas podem parecer bastante simples, na teoria, mas no mundo real são bem complicadas. Não é fácil aceitar que os outros pensam diferente. E que eventualmente estejam certos, e nós errados, por absurdo que isso possa parecer. E agir assim quando nos ocupamos das coisas mais sagradas. Não se trata de divergir sobre a política de preços da Petrobras ou sobre a lei das ferrovias. Lidamos com os temas que as pessoas percebem como essenciais. Crenças, visões sobre a família, relações de gênero, raça, ou mesmo nossa identidade, como sociedade. Temas sobre os quais estamos destinados a viver em desacordo, para o bem de nossa própria liberdade.

Jean Bodin nos ensinou algo sobre isso, 400 e tantos anos atrás. Escreveu um livro, O Colóquio dos Sete, sobre os Segredos do Sublime, em 1588, contando a história de um debate impossível à época, entre um pensador católico, um judeu, um luterano, um calvinista, um muçulmano, um filosófico naturalista e um cético. Sempre fui fascinado por aquele encontro, imaginado em um tempo no qual hereges não eram banidos do Twitter, mas queimados na fogueira. Um dos primeiros exercícios da imaginação moderna encarando o dilema do pluralismo e sua resposta difícil: a tolerância.

O diálogo enfrenta os temas cruciais: a natureza de Deus, a verdadeira religião, o livre-arbítrio. Diálogo sem concessões, mas amigável. Visões radicalmente distintas postas à mesa, sem exigir renúncia de cada um a suas posições. O que, à primeira vista, surge como apelo ao entendimento se revela, por fim, como celebração do desacordo civilizado. Cada qual lança luz sobre um aspecto da verdade. A completude, ou a harmonia, reside na multiplicidade de vozes e ideias. Diálogo feito de um secreto prazer, anunciando a melhor promessa da modernidade: a possibilidade de divergir sobre as questões essenciais e ainda assim viver juntos.



Seria possível, nos dias de hoje, conceber um encontro como aquele? Talvez trocando o católico e o protestante pelos novos protagonistas da fratura moderna, que migrou da religião para a crença ideológica? Quem sabe envolvendo um liberal, um conservador, um progressista, identitários, à esquerda e à direita, e um cético, como Antonio Risério? A composição da mesa pode ficar por conta da imaginação de cada um. A pergunta é: estamos dispostos a aceitar que ela seja posta?

É interessante como Bodin, à época em que os ventos da liberdade nem sequer eram perceptíveis no ocidente, soube imaginar a possibilidade de um diálogo que nós, depois de mais de quatro séculos, parecemos não saber. Nós que passamos por tudo, do inferno da Inquisição à tragédia totalitária no século XX. Nós que nos jactamos de saber tanta coisa, que nos orgulhamos de viver na era do conhecimento e da democracia, agora nos dedicamos a banir os divergentes da internet e evitar que eles apresentem suas ideias com liberdade.

Talvez o aprendizado da tolerância seja assim mesmo. Difícil, sempre provisório e fadado a ser feito e refeito a cada nova geração. ■




Por Fernando Schüler/ Veja